Por Indianara Campos e Natália Lopes
O alto consumo de drogas no Brasil e a polêmica sobre a legalização do uso da maconha são temas em constante discussão na sociedade em geral. O assunto está sempre em voga nas conversas entre adolescentes, jovens, pais e as autoridades, e muitas pessoas tentam entender como ocorre a disseminação da idéia do consumo de drogas, que cresce em um ritmo acelerado em diversos países.
Em artigo publicado no Observatório da Imprensa, o jornalista e gerente de Comunicação, Eduardo Santarém, afirma que as rádios deveriam estar engajadas na luta contra a disseminação das drogas entre os jovens. Para ele, a Atlântida FM teve papel fundamental no aumento do índice do uso de drogas em praias gaúchas. “A Atlântida é uma FM com enorme influência no público jovem. Portanto, a prática de rodar à exaustão músicas com recados como "fuma, fuma, fuma... fuma na boa, só de brincadeira", "ah, eu estou sem erva" e "vou fumar um baseado" tem direta relação com o aumento drástico do consumo de drogas por adolescentes nas praias”, afirmou o jornalista.
As drogas começaram a aparecer como tema de músicas nos anos 60 e 70, desencadeada pelo chamado “conflito de gerações”, e foi embalada pelos sons de vários artistas, como Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison. Uma das canções mais conhecidas sobre este tema se chama “Cocaine”, de Eric Clapton. Em um de seus trechos, a mensagem é a seguinte: ” Se você quiser se divertir, você tem que levá-la para sair...cocaína, se você tem más notícias, se você quer afastar a tristeza, quando seu dia chega ao fim e você quer correr...cocaína”. Apesar das críticas, Clapton afirma que esta é uma música inteligente contra as drogas e acrescenta a frase "that dirty cocaine" (essa malvada cocaína) quando a toca hoje em seus shows.
As letras do cantor Armandinho também causam polêmica, principalmente a música “Folha de bananeira”. Apesar de ser de sua autoria, o cantor acredita que ela não transmite uma mensagem positiva ao público. “Essa é uma canção que me acompanha desde a minha infância, numa época em que eu não sabia onde ia chegar. Hoje em dia, acho que ela passa uma mensagem para os jovens que não é muito boa. Depois que a gente é pai, mudamos muito a visão sobre as coisas, principalmente em relação às drogas”, relata Armandinho.
O cantor conta que tentou parar de tocá-la, mas não pôde: “Teve uma época que eu busquei tirar essa música do repertório dos shows e eu fui muito cobrado. Então eu toco, mas não faço muita questão de associá-la à minha imagem”, afirmou Armandinho.
O vocalista e guitarrista da banda Subefeito, Davi Alves Ferreira, declara que, apesar de apoiar a legalização da maconha, a banda trabalha em suas letras apenas o engajamento social, sem incentivar o uso de tóxicos. “As drogas fazem parte da atual realidade social. Não temos a intenção de incentivar o uso, mas em retratar o que acontece no dia a dia, como forma de conscientizar as pessoas”, afirma o vocalista.
Davi recorda que algumas bandas fazem apologia às drogas “não intencionalmente”, como a banda “Planet Hemp” e o grupo “Os Racionais”. Segundo ele, esse tipo de música pode influenciar os jovens, mas não completamente: “As pessoas não aceitam tudo passionalmente, pois possuem senso crítico. Para mim, o melhor caminho é o da educação, o caminho da formação do indivíduo, e qualquer tipo de censura é inválida e antidemocrática, podendo até gerar revolta e incentivar ainda mais os jovens”, afirma o cantor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário